sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Febre do Chikungunya no Brasil

O Ministério da Saúde noticiou a ocorrência de 3 casos importados de Febre do Chikungunya no Brasil. Dois casos (um homem de 55 anos e uma mulher de 25 anos)são de São Paulo; o terceiro caso (um homem de 41 anos) é do Rio de Janeiro. Os dois homens apresentaram sintomas após viagem a Indonésia e a mulher, após viagem a India.
A importância da notificação destes casos é que esta doença é transmitida pela picada de mosquito e esse mosquito é nada mais nada menos que o nosso Aedes aegypti que transmite o dengue.
Por enquanto, não há evidências de circulação deste vírus no Brasil, porém é importante que as vigilâncias epidemiológicas dos municípios e estados fiquem alertas.
Este vírus costuma circular na África e na Ásia. Em 2007 ocorreu um surto na Itália. No ano passado a Ásia apresentou epidemias importantes: foram 49.069 casos na Tailândia e 4.430 casos na Malásia.Em agosto de 2010 a India notificou 16.870 casos suspeitos em 14 estados.
A febre do Chikungunya é uma doença infecciosa causada por um vírus e transmitida através da picada do mosquito Aedes aegypti infectado. Os sintomas são febre alta,dores articulares com ou sem inchação,dor de cabeça, náuseas, vômitos, fadiga intensa e uma erupção no corpo (rash). Parte das pessoas desenvolvem a forma crônica da doença, caracterizada por dores articulares que podem durar de 6 meses a 1 ano. A mortalidade é baixa.
Não existe vacina para esta doença.
A pessoa que vai viajar para países onde existe circulação deste vírus deve se proteger usando repelentes com tempo de proteção prolongado (DEET ou Icaridina), roupas adequadas (calça comprida, blusa de mangas compridas, tenis e meias). Locais de hospedagem com ar condicionado e/ou janelas e portas teladas garantem melhor proteção.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Epidemia de cólera no Haiti - e os riscos continuam.

Milhares de pessoas estão sem teto no Haiti devido ao terremoto que ocorreu em janeiro de 2010. Essas pessoas vivem em campos ao redor das cidades, em condições sanitárias deploráveis.Não é de se estranhar a ocorrência de uma epidemia de cólera nestas condições de vida.
Até 3 de novembro de 2010, foram notificados 6.742 casos e 442 óbitos. Nos últimos 4 dias ocorreram 105 óbitos. Existem 1978 casos hospitalizados. O número de casos novos nestes últimos dias cresceu 41% e o número de óbitos, 31%. A OMS alertou que a epidemia está longe de acabar e que o Haiti deve se preparar para o pior cenário, se a epidemia atingir a capital, PortoPríncipe, de alta densidade populacional.
Pesquisadores médicos no Haiti acreditam que a fonte original da bactéria seja de algum lugar do sul da Ásia. O DNA isolado de 13 amostras de vítimas da cólera foram idênticos, mostrando que a epidemia vem de uma única cepa que comparada a outras que circulam no mundo, parece ser originária da Ásia. Novos estudos vão permitir conclusões mais precisas.
Cepas de cólera circulam em diferentes regiões do mundo devido às viagens globais de turismo e comércio. Esta cepa provavelmente deve ter sido transmitida por alimento ou água contaminados por uma pessoa infectada. O Ministro da Saúde do Haiti declarou que existe a possibilidade de que um contingente de paz das Nações Unidas proveniente do Nepal tenha trazido a bactéria para o país. Exames relizados nestes agentes não demonstraram traços de cólera.
Estes acontecimentos chamam a atenção para a vulnerabilidade das populações que vivem em condições sanitárias desfavoráveis a bactérias tao danosas com a da cólera, propiciando epidemias trágicas.
As pessoas que viajam para locais onde circula a bacteria da cólera, além dos cuidados com a água e alimentos que consomem e lavagem frequente das mãos, devem também receber a vacina contra a cólera que já existe nas clínicas de vacinação do Brasil; é uma vacina oral tomada em 2 ou 3 doses dependendo da idade, com intervalo mínimo de uma semana entre as doses.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dengue e Chikungunya autóctones do Sul da França

Em 13 de setembro de 2010, o Ministério da Saúde da França notificou o primeiro caso de transmissão autóctone de dengue em Nice, região metropolitana da França.
O caso, confirmado laboratorialmente, é de uma pessoa do sexo masculino que não se deslocou do local de sua moradia. Os sintomas ocorreram em agosto de 2010 e o paciente evoluiu para cura.
Foi a primeira vez desde 1927-1928, quando ocorreu uma grande epidemia na Grécia, que um caso de dengue é diagnosticado na Europa Continental.
O Ministério da Saúde da França adotou medidas de aumento da vigilância epidemiológica e entomológica e ações de controle do vetor na área de ocorrência.
Há 3 dias, uma criança de 12 anos apresentou um quadro que foi diagnosticado como Chikungunya em Frejus, no sul da França. Este é o segundo caso identificado em poucos dias após a mesma doença acometer uma criança da mesma idade. Estes casos também foram notificados como autóctones, já que nenhuma destas crianças visitou outras partes do mundo onde a doença é endêmica.
Ambas, Dengue e Chikungunya são doenças transmitidas pelo mosquito Aedes albopictus que apareceu no sul da França em 2004. Alguns territórios da França além-mar, como Guadaloupe (1.300 casos) e Martinique (2.540) tiveram surtos de dengue recentemente. Acredita-se que as crianças foram picadas por um mosquito que previamente picou um caso importado da doença.
É um vírus do gênero Alphavirus transportado por insetos e que é transmitido a humanos pela picada de mosquitos Aedes. Os sintomas são semelhantes ao dengue com uma fase febril aguda, que dura de 2 a 5 dias, seguida de prolongada artralgia e fadiga. Costuma ocorrer na África tropical e Ásia. O reservatório principal é o macaco.
A prevenção é evitar a picada do mosquito com repelentes e roupas adequadas. Está em estudo uma vacina de DNA.
Fonte:European Travel and Tropical Medicine Network of the International Society of Travel Medicine.

domingo, 22 de agosto de 2010

Terminou a fase de alerta da pandemia da gripe

O mundo não está mais na fase 6 do alerta de Influenza Pandêmica. Estamos agora mudando para o Período Pós- pandêmico.
Esta decisão foi tomada tendo como base a reunião do Comitê de Emergência da OMS que avaliou a situação global e os relatórios de alguns países que estão agora vivenciando influenza.
Ao entrarmos no período pós- pandêmico não significa que estamos livres do vírus H1N1e que a população pode relaxar.
Baseados na experiência de pandemias passadas, é esperado que o vírus adote, depois de algum tempo, o comportamento do vírus da influenza sazonal e que continue a circular ainda por alguns anos.
Neste período pós-pandêmico, surtos localizados de diferentes magnitudes podem mostrar níveis significativos de transmissão.
Globalmente os níveis e padrões da transmissão de H1N1 estão diferindo bastante do que foi observado durante a pandemia. Surtos fora da estação não têm sido notificados em ambos os hemisférios (norte e sul). Os surtos de H1N1 tem tido intensidade semelhante aos produzidos nas epidemias de influenza sazonal.
No período pandêmico o H1N1 era predominante, agora muitos países estão notificando uma mistura de vírus influenza como costuma ocorrer na influenza sazonal.
Estudos recentes têm mostrado que 20 a 40% das populações foram infectadas pelo H1N1 e isso representa algum nível de proteção para estas populações. Muitos países, como o Brasil, tiveram boa cobertura vacinal principalmente em grupos de alto risco e esta cobertura aumenta a imunidade da comunidade.
A continuação da vigilância é extremamente importante.
Baseado em evidências e experiências de outras pandemias é esperado que o vírus continue a causar doença grave em grupos de idade jovem, principalmente no período imediato pós-pandêmico.Uma pequena proporção de pessoas infectadas durante a pandemia, principalmente jovens, crianças menores de 2 anos e gestantes, desenvolveu uma forma grave de pneumonia viral primária de difícil tratamento que não é típico da influenza sazonal. Não se sabe quando este padrão vai mudar. Durante o período pós- pandêmico é preciso enfatizar a necessidade de vigilância epidemiológica e laboratorial do vírus da influenza com maior apuro.
A OMS avisa que casos e surtos locais de H1N1 podem continuar ocorrendo e em alguns locais estes surtos podem ter um impacto substancial na comunidade.
Os motivos acima nos levam a continuar indicando e incentivando a vacinação para os não vacinados, principalmente o adulto jovem, a criança e as gestantes.
A vacina combinada nas próximas estações terá na sua formulação o vírus H1N1 além dos vírus da influenza sazonal que circulam nos hemisférios norte e sul a cada ano. Lembramos a importância desta vacinação ser realizada anualmente.

domingo, 25 de julho de 2010

Republicação: Serviço de Medicina de Viagem

O Serviço de Medicina de Viagem da Prophylaxis, clínica de vacinação que segue rigorosamente as normas de qualidade da OMS, foi criado com o intuito de proporcionar ao viajante atendimento preventivo de agravos, incluindo a aplicação das vacinas necessárias de acordo com o destino a que cada um se dirige, de maneira a evitar adoecimentos e contratempos. A Prophylaxis tem uma rede de atendimento que conta com 29 unidades, sendo que os atendimentos específicos para viajantes são realizados nas Unidades do Rio de Janeiro do Leblon e do Arpoador, por equipe que consta de médica -Dra. Meri Baran- e pessoal de enfermagem. Nas demais unidades existe um protocolo de ações (procedimentos) em como orientar o interessado em concretizar a consulta e também obter acesso a material informtivo.
O ideal é que a pessoa procure o atendimento 4 a 6 semanas antes da data da viagem e no mínimo, 10 a 15 dias. Para marcar consulta ligue para (21) 2495-1020 ou (21)2491-6364, informando a data da viagem e os locais para onde se dirige. A equipe do serviço está sempre atualizada com as ocorrência de surtos, epidemias e doenças de uma maneira geral de cada país.
Site: www.prophylaxis.com.br
P.S.- Veja em "postagens mais antigas" o artigo sobre Medicina de Viagem.

sábado, 24 de julho de 2010

Situação epidemiológica daInfluenza A H1N1 no Brasil

Segundo dados do Ministério da Saúde (Secretaria de Vigilância em Saúde),no período de janeiro a julho de 2010 foram notificados 7.289 casos. Deste total, 10% (727) foram confirmados como influenza pandêmica H1N1.
A região sudeste apresenta a maior proporção de casos notificados, 43.2% (3.357), porém a região sul apresenta a maior proporção de casos confirmados (289) seguida de perto pela região norte (256).
Em 2010, a primeira quinzena do mês de março apresentou a maior freqüência de casos confirmados para influenza A H1N1 em função do pico registrado na região norte. A partir de abril observa-se uma redução contínua da incidência de casos confirmados em todo o país.
Do total de casos confirmados, 52,1% apresentavam pelo menos uma condição de risco para gravidade. Média de idade - 24 anos, predomínio do sexo feminino (61,8%), sendo que 69,9% eram mulheres em idade fértil e destas, 36% eram gestantes.
Foram notificados 769 óbitos suspeitos de influenza pandêmica. Destes, 91 foram confirmados. 60 estão sob investigação. Entre os óbitos confirmados, a média de idade foi 28 anos e o sexo feminino foi o mais freqüente com 70,3% ( 64) dos óbitos confirmados, sendo que (67,2%) eram mulheres em idade fértil; destas 53,5% (23) eram gestantes.As gestantes representaram 25,3% do total de óbitos confirmados.A região Norte apresentou a maior proporção de óbitos confirmados, 42 (56,8%). Esta maior proporção ocorreu até o mês de março com significativa redução a partir de então.
Pelos dados relatados conclui-se que ainda não dá para relaxar pois o vírus continua circulando em nosso país. Os jovens são os mais atingidos, principalmente as mulheres. A gestante tem importante participação nos casos graves e óbitos.
No geral, a campanha de vacinação atingiu a meta proposta pelo Ministério da Saúde mas alguns grupos como gestantes, adulto jovem de 30 a 39 anos não conseguiram alcançar esta meta. Os postos de saúde e clínicas de vacinas continuam oferecendo a vacina. Lavar as mãos com frequencia e adequadamente deve sempre ser lembrado como um fator importante de proteção.
Meri Baran

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Atualização da ocorrência de Influenza A H1N1 no mundo

Até 12 de julho de 2010, mais de 214 países notificaram casos confirmados laboratorialmente de influenza pandêmica, incluindo 18.209 óbitos.
Monitoramento pela OMS (Organização Mundial de Saúde):
De uma maneira geral no mundo, a atividade de influenza pandêmica (H1N1) e sazonal permanece baixa.
A transmissão ativa do vírus da influenza pandêmica persiste principalmente no Caribe, Oeste da África, Sul e Sudeste da Ásia. No Hemisfério Sul e nas áreas de clima temperado os vírus pandêmico e sazonal têm sido detectados esporadicamente neste inverno.
Na Ásia, as áreas mais ativas de transmissão de influenza pandêmica estão em regiões do Sul da India, Bangladesh, Singapura e Malásia. A India tem apresentado notificações recentes de vírus pandêmico em Kerala, Sul da India, incluindo alguns casos graves e fatais principalmente entre mulheres grávidas. Em Bangladesh e Singapura as infecções respiratórias agudas declinaram abaixo dos níveis de alerta e as amostras testadas positivas para vírus pandêmico caíram de 28 para 19%. Na Malásia, em junho de 2010, houve um declínio mas continua a circulação do vírus pandêmico. Na Ásia Ocidental a atividade pandêmica e sazonal permanece muito baixa. China e Japão têm índices de influenza que permanecem em níveis básicos para a estação do verão.
Nas Américas, de uma maneira geral, a atividade da influenza pandêmica e sazonal permanece baixa. Excessão: 1) Cuba onde o pico da transmissão foi em abril e maio mas tem apresentado diminuição; 2) Colômbia e Peru com atividade da influenza regional, mostrando uma tendência de aumento de notificação de doença respiratória aguda. A América do Norte tem mantido níveis baixos de atividade
Na África Sub Saariana, a atividade de influenza pandêmica e sazonal tem sido limitada a alguns países: Gana, na África oriental, continua a ter ativa circulação do vírus pandêmico – o pico foi em abril de 2010; a proporção de amostras positivas testadas foi de 16 a 23% nas 2 ultimas semanas.
A OMS continua mantendo o nível de alerta 6 - PANDEMIA.

domingo, 23 de maio de 2010

CUIDADOS DE SAÚDE PARA QUEM VAI A COPA

Antes da Viagem: de preferência marque uma consulta num serviço de medicina de viagem 4 a 6 semanas antes da partida. O médico vai rever seu itinerário e sua história médica para transmitir informações de segurança para a sua saúde.
-Vacinas: Você deve atualizar suas vacinas de rotina para viagens: tétano, difteria, coqueluche, pólio, sarampo, rubéola e caxumba. Muita atenção para a vacina do sarampo, pois ocorreu uma epidemia recente naquele país.
- Febre Amarela – o Brasil é considerado área de risco para febre amarela portanto,você necessita do “certificado internacional de vacinação”. No Rio de Janeiro a vacina é aplicada nos postos de saúde e o certificado internacional é obtido somente no posto da ANVISA localizado no aeroporto Tom Jobim (funciona 24 horas), mediante apresentação do comprovante emitido pelo posto de saúde e presença da pessoa que vai viajar.
Além destas, outras vacinas são importantes e o médico vai avaliar, dependendo do local da África do Sul que você vai visitar e qual vai ser sua atividade lá. São elas:
1- Influenza sazonal e pandêmica (A H1N1) – Será inverno na África do Sul durante a copa, estação do vírus influenza. Proteja-se para estas duas possibilidades, principalmente contra a H1N1.
2- Hepatite A e B – a hepatite A pode ser transmitida por água e alimentos contaminados bem como através de mãos contaminadas. A hepatite B pode ser transmitida por via sexual, uso de drogas injetáveis e transfusões de sangue.
3- Febre tifóide – principalmente se você vai visitar cidades em áreas rurais com deficiência de saneamento básico.
Durante a viagem:
- Alimentos e água seguros - Você deve comer somente alimentos cozidos e quentes. Não coma alimentos que estejam na temperatura ambiente por várias horas e alimentos de ambulantes nas ruas. Evite alimentos crus. Frutas descascadas por você mesmo podem ser consumidas cruas. Lave bem as mãos antes de se alimentar. Beba somente água industrializada, de preferência com gás.
- Malária – Em algumas áreas da África do Sul ocorre malária, bem como outras doenças transmitidas por mosquitos e carrapatos. Das nove cidades aonde vão se realizar os jogos, oito não apresentam risco de malária. Apenas Nelspruit, que é considerada a capital selvagem da África do Sul, tem risco de transmissão de malária. Nesta cidade fica localizado o Kruger National Park onde o turista costuma desfrutar dos safáris e nele é encontrado o mosquito transmissor da malária.
Proteja-se contra picadas de mosquitos e carrapatos:
• Use blusas de mangas compridas, calças compridas, tênis ou botas com meias.
• Aplique um repelente de longa duração à base de DEET ou Icaridina na pele exposta.
• Se não estiver em quarto com ar condicionado, durma com mosquiteiro impregnado com inseticida (permetrina). A atividade do mosquito da malária se dá do entardecer ao amanhecer e o pico de atividade é às 2 horas da manhã.
• Use um inseticida spray no seu quarto após fechar janelas e portas.
- Diarréia do viajante – É o problema de saúde mais comum. Pode ser acompanhada de náuseas, vômitos, dor abdominal e febre. É adquirida através da ingestão de água e alimentos contaminados. É importante prevenir a desidratação. Tome bastante líquido e um sal de reidratação oral. Se a diarréia ficar muito freqüente, muito líquida ou contiver sangue procure atendimento médico.
Raiva – É transmitida por mordedura de animais infectados principalmente cães e morcegos. Se você for mordido por um animal procure imediatamente atendimento médico para fazer a prevenção com vacinas. Evite contato com macacos.
Doenças sexualmente transmitidas –
• Use preservativos.
• Não compartilhe seringas e agulhas, inclusive tatuagens.
• Se você tem uma condição médica que demanda injeções, como diabetes, leve com você seringas e agulhas. Este material também é vendido nas farmácias da África do Sul.
Lembretes importantes! Lavar mãos com água e sabão durante 10 a 15 segundos antes de comer, ao sair do banheiro, ao chegar no hotel,etc. Leve na bolsa álcool gel a 70% para usar em lugares onde não é possível água e sabão. Este cuidado é importantíssimo para prevenir gripe, hepatite A, febre tifóide, diarréia, poliomielite e outros.
- Não esqueça de levar um kit de medicamentos com analgésicos, anti térmicos, termômetro,band aid e outros.

Boa Viagem! E que o Brasil seja “campeão”!

domingo, 16 de maio de 2010

AINDA ESCLARECENDO DÚVIDAS SOBRE A VACINA DA GRIPE H1N1

Continuo recebendo perguntas sobre a vacina H1N1 e como saiu uma publicação do Nº 41 do "Nosso Jornal Rio" com respostas minhas, vou reproduzi-la aqui, e adicionar mais algumas.

E você, já tomou a vacina?
O Nosso Jornal Rio, mais uma vez, voltou a procurar a Drª Meri Baran para elucidar algumas dúvidas em relação a H1N1.

. As dúvidas continuam em relação a vacinação da H1N1. Essa vacina é indicada para todas as pessoas ou somente aquelas que se encontram nos grupos de risco?
-A vacina pode ser utilizada para todas as pessoas e certamente traz o benefício da imunidade para o H1N1. O que foi observado nos 214 países onde o vírus circula é que as pessoas que têm mais tendência a fazer formas graves de gripe por H1N1, podendo até evoluir para o óbito, são as mulheres grávidas, as crianças menores de 2 anos, o adulto jovem na faixa etária de 20 a 39 anos mesmo saudáveis, pessoas de qualquer faixa etária que tenham uma doença crônica como os cardiopatas, os diabéticos, os imunodeprimidos (HIV, câncer, leucemia, uso de medicamento imunodepressor- corticóides, quimioterapia etc.), os neuropatas, os renais crônicos e outros.
Ficou definido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que os países adotariam o esquema de priorizar os grupos de risco, possibilitando a produção e distribuição para um número enorme de países. O Brasil, país continental, tem um programa de vacinação gratuita. O Ministério da Saúde compra as vacinas e distribui para todo o país. A meta é vacinar 90 milhões de pessoas. A vacina é cara e o quantitativo necessário é muito grande e assim como outros países, o Brasil adotou o esquema de vacinação de grupos de risco.
As Clínicas de Vacinação da rede privada estão adquirindo dos laboratórios produtores uma vacina que contempla os vírus da gripe comum e o H1N1 e que pode ser aplicada para todas as faixas etárias sem restrição.

. A vacina H1N1 dói ? Após a vacina o braço pode ficar dolorido?
- É comum uma reação local com inchação e dor que tende a desaparecer espontaneamente a partir do 3º ou 4°dia. O uso de compressas geladas dá um certo alívio e no caso de dor mais forte pode ser usado um antitérmico tipo paracetamol ou dipirona. Se o local apresentar sinais inflamatórios, como vermelhidão e calor, deve ser procurada assistência médica, pois um erro de técnica pode resultar na formação de um abcesso. Esta ocorrência é muito rara e pode acontecer com a aplicação de qualquer vacina ou medicamento injetável.

. Se a pessoa estiver febril ou algum tipo de virose, ela pode se vacinar?- É melhor adiar e fazer a vacina quando já estiver bem.

. Quais são os efeitos colaterais da vacina?- Os efeitos colaterais locais como dor e inchação são os mais frequentes.
Também são observados efeitos colaterais sistêmicos. Os mais frequentes são dor de cabeça, febre abaixo de 39°C, dor muscular, durando em torno de 48 h. A incidência desses efeitos é baixa (menos de 0,1% das pessoas vacinadas).

. Pessoas da terceira idade podem tomar esta vacina junto com a da gripe tradicional? Há alguma contraindicação?- Os idosos que têm alguma doença crônica podem e devem tomar as duas vacinas concomitantemente. Os idosos saudáveis fazem somente a vacina H1N1. As contraindicações são as mesmas para todas as faixas etárias e para as duas vacinas. São as seguintes: 1-pessoas que já tomaram uma dose anterior e tiveram uma reação anafilática (urticária forte, edema de glote, choque anafilático); 2- pessoas que têm alergia ao ovo; 3- pessoas com quadro infeccioso agudo (viroses, infecções bacterianas, gastroenterite) devem adiar e utilizar a vacina quando já estiverem bem.

. As pessoas que não se encontram nos grupos de risco poderão tomar a vacina no Posto de Saúde?Não. Na rede pública a vacina só está sendo oferecida para os grupos de risco.

.Qual é o grau de eficiência dessa vacina?- A eficiência desta vacina é muito boa , ficando entre 90 a 95% de proteção nos adultos com uma só dose e nas crianças após duas doses. Vários estudos publicados em revistas muito bem conceituadas, como New England e The Lancet e realizados com um número significativo de pessoas após receberem a vacina, demonstram esta boa eficácia.

. Como anda o controle das vacinas nos laboratórios particulares?- A Vigilância Sanitária tem um setor que controla clínicas privadas de uma maneira geral. Todas as clínicas de vacinação são avaliadas por técnicos da Secretaria Municipal de Saúde e da Vigilância Sanitária e a permissão para vacinar depende das condições, físicas e técnicas das mesmas. Na sua grande maioria, as clínicas privadas seguem as recomendações do Programa Nacional de Vacinação do Ministéro da Saúde e as recomendações da OMS.

Outras perguntas que têm sido feitas por telefone , email e pelo blog:
- Posso tomar a vacina junto com outras, como por exemplo a do tétano?R: A vacina contra influenza é uma vacina de vírus inativado e pode ser aplicada com qualquer outra vacina.

- Quantas doses devem ser dadas ao adulto e a criança?
R: O adulto fica imunizado com apenas uma dose de 0,5 ml; a criança menor de 2 anos necessita de 2 doses de 0,25 ml com intervalo de 30 dias; a criança de 3 a 8anos 11 meses e 29 dias necessita de 2 doses de o,5 ml com intervalo de 30 dias.

- O idoso deve tomar as 2 vacinas, isto é, a da gripe comum e a H1N1?
R: O idoso saudável deve tomar apenas a vacina da gripe comum e o idoso com doença crônica deve tomar as duas.

- Se a criança atrasar a 1ª dose, ela deve ser repetida e 1 mês depois fazer uma 2ª dose?
R: Não, a 1ª dose não perde o efeito mesmo atrasando. Ela só necessita tomar a 2ª dose.

- É proibido o uso de bebida alcoólica após o uso da vacina?
R: Não, mas para seu bem estar geral nunca abuse de bebidas alóólicas. Use com moderação.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

DESASTRES NATURAIS - CHUVAS FORTES E ENCHENTES

Nos últimos dias o Estado do Rio de Janeiro se viu assolado por chuvas fortes com precipitação acima de 260 mm, que causou desastres graves como enchentes e deslizamento de terra com um número enorme de vítimas.
As enchentes dão como conseqüência doenças infecciosas transmitidas pela água e alimentos contaminados, principalmente Leptospirose, Hepatite e Diarréias. Destas, a que traz maior preocupação é a Leptospirose, a mais grave, que em enchentes ocorridas em 1988 e 1996 causou epidemias importantes no Rio de Janeiro.
A transmissão se dá através do contato da pele lesada com a água e lama das enchentes que está contaminada por uma bactéria chamada leptospira. Esta bactéria é eliminada na urina de animais, principalmente ratos nas áreas urbanas e pode permanecer no solo por um período prolongado. Quando ela penetra na pele atinge vasos sanguíneos e vai produzir doença infecciosa que, numa proporção de aproximadamente 30%, pode produzir doença grave.
60 a 70% dos casos evoluem de forma benigna e apresentam os seguintes sintomas: febre, dor de cabeça, prostração, dor muscular, principalmente na panturrilha, náuseas, vômitos e às vezes diarréia. Estes casos não apresentam icterícia.
Os casos que evoluem com gravidade têm início semelhante, porém, no 4º ou 5º dia, apresentam comprometimento do fígado (icterícia), comprometimento renal, (insuficiência renal) e podendo dar também comprometimento pulmonar de alta gravidade (hemorragia pulmonar).
O tratamento de casos benignos e graves é feito com antibióticos.
O diagnóstico laboratorial consiste de sorologia e cultura.
Pessoas que apresentam os sintomas iniciais e história de ter contato com água de enchente devem ser medicadas com antibiótico, mesmo antes do resultado laboratorial.
Cuidados importantes:
1- Em situações de chuva abundante com ocorrência de alagamentos, se estiver em lugar seco e seguro, aguarde a chuva melhorar e as águas baixarem.
2- Se por questões de segurança for imperioso entrar na água, não retire o calçado dos pés; se houver oportunidade envolva sacos plásticos nos pés e pernas.
3- Ao limpar a casa, calçadas ou ruas use de preferência, luvas e galochas ou na falta delas envolva mãos, pernas e pés com sacos plásticos duplos.
4- È muito comum as pessoas sofrerem ferimentos ao atravessar áreas de enchentes. È importante verificar a quanto tempo foi vacinado contra o tétano e se tiver ultrapassado 10 anos, é importante uma dose de reforço.
5- Se houver suspeita que a água de consumo está contaminada utilize água fervida ou água clorada (para 1 litro de água 2 gotas de água sanitária; deixar repousar durante meia hora antes de utilizar).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

INFLUENZA A (H1N1) - ESCLARECENDO DÚVIDAS

Circulam boatos na internet tentando inviabilizar a campanha de vacina com falsas informações que foram se propagando e influenciando até médicos a não indicarem a vacina.
Boatos falsamente atribuídos às vacinas contra influenza
1- Que a OMS não deveria ter declarado pandemia, pois, se trata de uma gripe comum semelhante a sazonal. Vários estudos mostram a gravidade do comprometimento pulmonar nesta nova gripe, bem maior do que na gripe sazonal e o comprometimento de faixas etárias diferentes. Os casos graves ocorrem mais na criança menor de 2 anos, no adulto jovem, nas gestantes e em indivíduos com doença crônica em qualquer idade, bem diferente da influenza sazonal nos quais os casos graves ocorrem mais em idosos, geralmente associado a doença crônica pré-existente.
2-Que a vacina foi aprovada rapidamente sem realização de testes - Havia uma preocupação grande com a 2ª onda da pandemia nos países do hemisfério norte e por isso a aprovação foi rápida, porém baseada em testes realizados pelos laboratórios produtores e outros. Tecnicamente a produção da vacina H1N1 não é diferente da produção da vacina sazonal, que sofre reformulação a cada ano de acordo com novas cepas circulantes.
3-Que a vacina estava sendo produzida a partir de células de animais -São utilizados para a produção da vacina A (H1N1) ovos embrionados, da mesma maneira como é produzida a vacina sazonal. Não se usam células animais.
4-Que a vacina não é segura nem tem boa eficácia - inúmeros estudos vêm sendo feitos evidenciando a eficácia e a segurança da vacina e publicados em revistas confiáveis como o The Lancet e o New England.. À medida que vai se disseminando a utilização da vacina para mais países, vai crescendo o número de estudos.
Na Cidade do Rio de Janeiro foram aplicadas de 8/3 até 25/3, 92.798 doses da vacina e foram notificados 58 eventos adversos (0,10%). Os mais comuns foram dor de cabeça, dor muscular, febre menor que 39ºC, diarréia, náuseas, sintomas estes que duram de 24 a 48 h e desaparecem espontaneamente. Eventos locais mais freqüentes- dor e inchação.
5- Que o Timerosal teria um efeito nocivo. O timerosal é um conservante utilizado em algumas vacinas, inclusive nas vacinas H1N1. O mercúrio que faz parte do timerosal é o etilmercúrio, que não se acumula no organismo humano, por ser metabolizado rapidamente. A forma tóxica do mercúrio é o metil mercúrio, não incluído nas vacinas.
A segurança do timerosal foi revisada inúmeras vezes, concluindo-se por sua inocuidade, e por isso ainda é usado em vacinas, aplicadas inclusive em gestantes
6- Adjuvante teria efeito nocivo: O adjuvante tem a funçaõ de aumentar o poder imunogênicao da vacina. O adjuvante utilizado nas vacinas H1N1 é o esqualeno, que é um óleo produzido por plantas e presente em muitos alimentos. Também é produzido pelo corpo humano, sendo um precursor do colesterol. Vacinas contra influenza contendo esse adjuvante são utilizadas há muitos anos, com aplicação de milhões de doses e o perfil de segurança tem se mostrado adequado.
É recomendado o uso da Vacina A H1N1 para proteger a população contra a provável segunda onda de influenza que deve ocorrer nos meses de inverno. Pelos estudos já realizados e pelo número enorme de vacinados em todo o mundo e reações adversas otificadas até a data atual, concluímos que a vacina tem boa eficácia e é segura.
Meri Baran

sexta-feira, 2 de abril de 2010

CAMPANHA DE VACINAÇÃO CONTRA A INFLUENZA A(H1N1)

Em oito de março deste ano teve início a campanha de vacinação contra a gripe causada pelo vírus influenza A (H1N1) ou gripe suína.
O vírus influenza é causador de doença respiratória que geralmente ocorre na estação do inverno tanto no hemisfério norte como no Sul e é chamada de gripe ou influenza sazonal. Este vírus influenza A, com freqüência sofre mutações, apresentando diferentes cepas. Com o surgimento desta nova variedade que é o H1N1 proveniente de porcos, percebeu-se que é um vírus mais agressivo, com maior possibilidade de produzir casos graves. Além disso, diferente da gripe sazonal que atinge com gravidade pessoas acima de 60 anos portadoras de doenças crônicas, a gripe A (H1N1) dá casos mais graves em crianças menores de 2 anos, em gestantes, em adultos jovens de de 20 a 39 anos e em pessoas com doenças crônicas em qualquer idade.Como é um vírus novo, havia a possibilidade de produzir pandemia, isto é, ocorrência de epidemias em todo o mundo, pois a população mundial não apresenta imunidade para ele. Em junho de 2009 a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou pandemia. Os laboratórios produtores de vacina aceleraram a produção da vacina A H1N1 a partir da amostra do vírus que foi isolada pelo CDC/FDA.
Desde o surgimento dos casos até 19 de fevereiro de 2010 já foram notificados casos em 213 países e 16.931 óbitos. Na Cidade do Rio de Janeiro, de abril a setembro de 2009 foram notificados 5.138 casos e ocorreram 64 óbitos.
Em outubro de 2009 iniciou-se a vacinação no hemisfério norte onde está ocorrendo a 2ª onda da gripe desde novembro, inicio dos meses frios.
No Brasil a campanha iniciou-se em março de 2010 já prevendo uma 2ª onda de gripe nos meses de inverno. Ela está sendo operacionalizada em 5 etapas, priorizando os grupos de risco.
-De 8 a 19 de março – profissionais de saúde e população indígena.
-De 22 de março a 2 de abril – crianças de 6 a 23 meses (1ª dose), pessoas com doença crônica e gestantes em qualquer mês de gestação. Foi prorrogada até 23 de abril.
-De 5 a 23 de abril - adultos na faixa de 20 a 29 anos.
-De 24 de abril a 7 de maio – pessoas com 60 anos e mais vão receber a vacina sazonal e os que tiverem doença crônica receberão também a vacina A H1N1(uma em cada braço). 2ª dose nas crianças de 6m a 2 anos.
-De 10 a 21 de maio - pessoas de 30 a 39 anos.
É da maior importância que as pessoas se dirijam aos postos de saúde dos seus municípios para receberem a vacina de acordo com o cronograma acima. Aproximam-se os meses mais frios e já está sendo percebido um aumento do número de casos no Brasil. A vacina tem boa eficácia e é segura. Proteja a si mesmo e a seus filhos.
PS - Próximo artigo no blog - esclarecimentos sobre dúvidas na utilização da vacina.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Dengue associado a viagens

Os principais vetores do Dengue, Aedes aegypti e Aedes albopictus estão presentes em todas as regiões tropicais e subtropicais do globo. Aproximadamente 1/3 da população do mundo convive com o dengue em cerca de 100 países, com um número estimado de 50 a 100 milhões de casos por ano. Nas duas últimas décadas tem aumentado a freqüência de epidemias de dengue com febre hemorrágica do dengue.
Estudos recentes nos EUA mostram que o dengue é a maior causa de notificação de síndromes febris agudas em viajantes retornando do Caribe, América do Sul, Sudeste Asiático e Ásia Central. O dengue também é a segunda maior causa de doença febril (depois da malária) de viajantes retornando da África Sub- Saariana e da América Central.
De 1996 a 2005 foram notificados nos EUA, 1.196 casos suspeitos de dengue associado a viagens. Destes, 364 (28%) foram positivos laboratorialmente, 597(505) foram negativos e 265 (22%) foram indeterminados.
As regiões mais visitadas foram Caribe, México e América Central e Tailândia. Entre os positivos, 55 (16%) apresentaram infecção secundária (já tinham tido dengue em outra ocasião). Alguns apresentaram doença grave, 41 (12%) foram hospitalizados. Ocorreram dois óbitos em adultos jovens sadios que viajaram para o México e adquiriram infecção secundária.
Apesar do risco no sudeste americano, onde vários estados têm a presença do aedes, fatores de infra-estrutura tais como, o uso de ar condicionado nas residências, podem prevenir a transmissão autônoma, o que não ocorre em países pobres ou em desenvolvimento.
Embora estes estudos tenham sido feitos nos EUA, mostram bem o que pode acontecer em qualquer país que tenha a presença do mosquito transmissor, inclusive o Brasil, onde um viajante pode trazer um vírus novo como o vírus 4 ou reintroduzir vírus que já deixaram de circular. Corroboram também a importância da movimentação da população na transmissão de doenças infecciosas.
Medidas preventivas para o viajante em relação a picadas de inseto são importantes, como o uso de blusas de mangas compridas, calças compridas, repelentes que agem durante um tempo prolongado e ambientes com ar condicionado e janelas vedadas.
É também importante que os médicos estejam informados de que o dengue deve ser considerado como diagnóstico diferencial de pacientes com febre que tem história de viagem recente a países tropicais e subtropicais.

Meri Baran

domingo, 31 de janeiro de 2010

Impacto dos movimentos anti vacinas

Imunização é uma das maiores intervenções da saúde pública para prevenir doenças e óbitos, principalmente em crianças. O programa de imunização expandiu-se por todo o mundo desde 1974 com o sucesso da erradicação da varíola. Graças à eficiência destes programas é que a varíola foi erradicada do mundo, a poliomielite erradicada das Américas, o Sarampo eliminado das Américas e grande parte das doenças imunopreveníveis tiveram uma redução considerável.
Em várias épocas surgem com maior ou menor intensidade movimentos antivacina. Alguns deles ligados a grupos religiosos ou terapêuticos, outros convencidos que determinadas vacinas são capazes de causar doenças graves como o autismo e o retardo mental, outros ligados a denunciar a política de lucro dos laboratórios ou instituições farmacêuticas produtores de vacinas e medicamentos.
Estudos publicados em revistas internacionais de reconhecida seriedade mostraram os prejuizos que estes movimentos trazem; um deles, publicado na revista Lancet em 1988, mostrou que nos países onde circulou com mais intensidade o boato de complicações neurológicas e retardo mental associado à aplicação da vacina tríplice bacteriana (tétano, difteria e coqueluche), como principalmente Reino Unido, Japão, Itália, e Austrália, foi observado uma incidência de coqueluche bem maior em relação aos países que mantiveram seus programas de vacinação com esta vacina (Hungria, Alemanha, Polônia e Estados Unidos).
Ocorreram movimentos passivos e ativos contra a vacina entre profissionais de saúde grupos religiosos,praticantes de medicina alternativa, quiropraxia e homeopatia.
A cobertura da vacina tríplice bacteriana caiu de 77% para 33% e entre 1970 e 1980 foi responsável por 3 grandes epidemias de coqueluche com 102.500 casos notificados e 36 óbitos. Após estes resultados a vacina passou a ser mais bem aceita.
O Japão também suspendeu a imunização de 1975 a 1979 e este fato foi responsável por uma epidemia com 13.000 casos de coqueluche e 40 óbitos.
A mídia tem papel importante nesta controvérsia publicando matérias alarmistas.
Em 1997 a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) tornou-se foco de um novo debate. Foi associada à ocorrência de autismo. O Reino Unido mais uma vez teve um papel proeminente diminuindo significativamente a aplicação da vacina. Os EUA sofreram influência da Inglaterra, baixando bem a cobertura vacinal. Grupos antivacina neste episódio tiveram uma influência maior, pois já contavam com um importante aliado – a internet.
A queda da vacinação coincidiu com um grande número de surtos de sarampo trazendo como conseqüência a possibilidade da doença novamente se tornar endêmica. Pesquisa importante publicada em 2001 (revisão IOM) concluiu pela rejeição da hipótese do autismo estar associado à vacina tríplice viral. A partir daí a cobertura da vacina subiu consideravelmente.
Atualmente a vacina contra influenza A H1N1 tem sofrido ação antivacina. A internet, através principalmente de blogs, tem se mostrado o principal meio de publicação de conceitos bem duvidosos que afirmam que a pandemia é uma estratégia inventada pela OMS, que esta nova influenza não tem comportamento diferente da influenza sazonal e que se tornou um negócio lucrativo para a indústria da saúde. Vários estudos mostram a gravidade do comprometimento pulmonar nesta nova pandemia, diferente do que ocorre com a gripe sazonal. Também o comprometimento maior da criança e do adulto jovem é bem diferente da influenza sazonal que ocorre mais em idosos; a propósito, na página de rosto da Organização Mundial de Saúde (www.who.int) está publicada uma nota formal sobre esta onda de boatos em relação à vacina da influenza AH1N1.
A sociedade não pode se deixar levar por opiniões inconsistentes e deve reforçar a confiança em instituições de peso como a OMS, o CDC e os órgãos nacionais de controle e prevenção de doenças (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de cada país). O prejuízo que estes movimentos geram trazendo insegurança aos pais e a população em geral é enorme. Ocorrência de óbitos por difteria, sarampo, coqueluche, tétano, em crianças que não foram vacinadas pelos motivos citados acima é uma situação absurda que poderia ter sido evitada. É preciso que a sociedade se informe através de sites confiáveis de sociedades médicas, quando aparecerem informações, na maioria vinda de fontes leigas, que põem em dúvida procedimentos adequados que salvam vidas.
Meri Baran

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Agravos de saúde em pessoas que participam de grandes eventos

Viajantes que participam de eventos de grande aglomeração humana estão sujeitos a agravos de várias naturezas.
Um estudo publicado no "Journal of Travel Medicine" em dezembro de 2009, avaliou pessoas que retornaram do Hajj (meca)- maior evento muçulmano que ocorre uma vez ao ano na Arábia Saudita. Recebe aproximadamente mais de 2 milhões de peregrinos de todo o mundo. O maior problema são as doenças infecciosas. A causa maior de internações em hospitais tem sido infecção aguda do aparelho respiratório.
A enorme concentração de pessoas representa risco para a ocorrências de surtos locais, que depois podem se disseminar para outros países.
O estudo observou peregrinos franceses que retornaram do Hajj em 2007 através de uma investigação prospectiva, utilizando o preenchimento de um questionário sistematizado.
Um total de 545 pessoas participaram do estudo. A média de idade foi de 61 anos (entre 2 e 87 anos). Como doença prévia, 134 declararam dificuldade de caminhar(26%); 114 eram diabéticos (21%); 113 hipertensos(21%); 52 com hipercolesterolemia(10%); 32 com doença respiratória crônica(6%)e 4 com diarréia crônica(1%).
A frequência de diabetes, hipertensão e hipercolesterolemia foi significativamente maior em pessoas com idade acima de 55 anos e em pessoas do sexo feminino.
Um total de 462 peregrinos(84,8%) responderam ao questionário ao voltar para casa. Destes, um total de 272 viajantes (58,9%) apresentaram pelo menos um problema de saúde durante a viagem e 202 (43,7%) consultaram um médico durante a viagem. 13 peregrinos foram hospitalizados, dos quais 7 tinham infecção respiratória, 3 com diabetes incontrolado, 2 com problemas cirúrgicos, 1 com infecção de pele e 1 com trauma.
A maior queixa entre os viajantes foi tosse, seguida de dor de cabeça, stress pelo calor e febre. A frequencia de episódios de tosse, associados a febre ou não, aumentou significativamente com a idade. Pessoas do sexo feminino apresentaram maior frequencia de tosse associada com febre, quando comparadas com as do sexo masculino. Alguns tiveram diarréia e vômitos.
Todos os participantes deste estudo foram vacinados contra Influenza antes da viagem e segundo os autores, outras causas de infecção respiratória que não a influenza podem ter ocorrido ou outras cepas de influenza que a vacina não continha. Manter uma boa higiene de mãos com água e sabão ainda é uma boa maneira de prevenir quadros respiratórios durante a peregrinação.
Apesar do hajj não ter sido realizado no verão ocorreram casos de stress pelo calor. Exaustão pelo calor e AVC desencadeado pelo calor são a maior causa de morte quando o Hajj é realizado no verão.
É importante salientar que as autoridades da Arábia Saudita desenvolvem medidas preventivas importantes como ar condicionado nos ambientes e tendas, proibição de circulação de carros, áreas de descanso, provisão de grande quantidade de água de boa qualidade e informações individuais como, beber muita água, uso de roupas leves e guarda sol, uso de protetor solar e higiene das mãos.
Os resultados deste estudo estão consistentes com outro estudo prospectivo conduzido num grande coorte de peregrinos Iranianos.
Problemas de saúde associados ao Hajj estão muito mais relacionados a aglomeração de pessoas do que a viagem em si.
Ficou evidente neste estudo que as mulheres apresentaram mais doenças de base cardiovascular crônica e diabetes e sofreram com maior frequencia episódios de tosse associados a febre. Mulheres idosas que participaram do hajj foram consideradas de alto risco e medidas preventivas devem ser reforçadas neste grupo.
Estes resultados devem ser levados em conta para outros eventos de grande aglomeração humana como, por exemplo, aqui no Brasil, a grande romaria a Aparecida no dia da santa e os próximos eventos esportivos de grande importância que aqui serão realizados.
Meri Baran