segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Dengue associado a viagens

Os principais vetores do Dengue, Aedes aegypti e Aedes albopictus estão presentes em todas as regiões tropicais e subtropicais do globo. Aproximadamente 1/3 da população do mundo convive com o dengue em cerca de 100 países, com um número estimado de 50 a 100 milhões de casos por ano. Nas duas últimas décadas tem aumentado a freqüência de epidemias de dengue com febre hemorrágica do dengue.
Estudos recentes nos EUA mostram que o dengue é a maior causa de notificação de síndromes febris agudas em viajantes retornando do Caribe, América do Sul, Sudeste Asiático e Ásia Central. O dengue também é a segunda maior causa de doença febril (depois da malária) de viajantes retornando da África Sub- Saariana e da América Central.
De 1996 a 2005 foram notificados nos EUA, 1.196 casos suspeitos de dengue associado a viagens. Destes, 364 (28%) foram positivos laboratorialmente, 597(505) foram negativos e 265 (22%) foram indeterminados.
As regiões mais visitadas foram Caribe, México e América Central e Tailândia. Entre os positivos, 55 (16%) apresentaram infecção secundária (já tinham tido dengue em outra ocasião). Alguns apresentaram doença grave, 41 (12%) foram hospitalizados. Ocorreram dois óbitos em adultos jovens sadios que viajaram para o México e adquiriram infecção secundária.
Apesar do risco no sudeste americano, onde vários estados têm a presença do aedes, fatores de infra-estrutura tais como, o uso de ar condicionado nas residências, podem prevenir a transmissão autônoma, o que não ocorre em países pobres ou em desenvolvimento.
Embora estes estudos tenham sido feitos nos EUA, mostram bem o que pode acontecer em qualquer país que tenha a presença do mosquito transmissor, inclusive o Brasil, onde um viajante pode trazer um vírus novo como o vírus 4 ou reintroduzir vírus que já deixaram de circular. Corroboram também a importância da movimentação da população na transmissão de doenças infecciosas.
Medidas preventivas para o viajante em relação a picadas de inseto são importantes, como o uso de blusas de mangas compridas, calças compridas, repelentes que agem durante um tempo prolongado e ambientes com ar condicionado e janelas vedadas.
É também importante que os médicos estejam informados de que o dengue deve ser considerado como diagnóstico diferencial de pacientes com febre que tem história de viagem recente a países tropicais e subtropicais.

Meri Baran