segunda-feira, 12 de março de 2012

VACINAS DO DENGUE – A GRANDE ESPERANÇA

A incidência do dengue e da febre hemorrágica do dengue tem aumentado significativamente nestas últimas décadas. No mundo, anualmente são estimados 50 a 100 milhões de casos de Febre do Dengue (Dengue clássico) e cerca de 250.000 a 500.00 casos de Febre Hemorrágica do Dengue ou Dengue Grave.

A situação epidemiológica da América Latina agora se assemelha a do Sudeste Asiático.

A co-circulação de vários tipos de dengue tem sido relatada por vários países. Nas Américas, o dengue hemorrágico ou dengue grave tem sido observado em crianças e adultos; a infecção secundária por um vírus de sorotipo diferente tem sido confirmada como um importante fator de risco para a forma grave da doença.

O único método disponível atualmente para prevenir o dengue é o controle do mosquito transmissor (Aedes aegypti). Este método provou ser caro e na maioria das vezes não produz o resultado esperado.

As vacinas do dengue são a principal esperança de um método realmente eficiente para o controle desta doença. Devem assegurar proteção sólida e duradoura para os quatro tipos de vírus de dengue, em países endêmicos.

O dengue não recebe alta prioridade da comunidade global de saúde apesar de receber altíssima prioridade nos países endêmicos. Existe uma grande necessidade de medidas de apoio e de comunicação para que os países em desenvolvimento recebam um suporte necessário à introdução das vacinas de dengue com sucesso.

PLANEJAMENTO PARA INTRODUÇÃO DE UMA VACINA DO DENGUE

Pela primeira vez um planejamento estratégico para a introdução de uma vacina para países em desenvolvimento está sendo realizado antes da conclusão dos ensaios clínicos e do licenciamento da vacina.

Duas reuniões importantes ocorreram em 2011 visando este planejamento: uma em abril na Ásia (Hanoi) e a segunda em agosto na América do Sul (Brasília).

A reunião em Brasília foi organizada pelo Conselho de Prevenção de Dengue das Américas e contou com a participação de “Iniciativa de Vacinas do Dengue” (DVI), que é um consórcio que inclui:

– Instituto Internacional de Vacinas (IVI)

– Centro Internacional de Acesso a Vacinas (IVAC), da Universidade John Hopkins

– Instituto de Vacinas Sabin

– Iniciativa de Pesquisas em Vacinas, da OMS

e mais: 60 participantes, incluindo representantes do Ministério da Saúde de 12 países da América do Sul e Central, organizações intergovernamentais, academia, indústria farmacêutica e sociedade civil.

A reunião teve o objetivo de apoiar a preparação de investimentos específicos em países destas regiões para introdução das vacinas de dengue e visava em particular o Brasil e a Colômbia, que poderão fornecer informação para os outros países da região.

Dados mostraram que em 2010, 1,7 milhões de casos foram notificados nas Américas, com 50.000 casos de doença grave, dos quais, aproximadamente 60% ocorreram no Brasil.

Com o incentivo da DVI, o Ministério da Saúde está elaborando um plano estratégico para introdução da vacina; um grupo assessor está olhando para as necessidades pré licença ou pós licença sob a perspectiva do Ministério.

Nesta reunião, os pesquisadores e fabricantes de seis vacinas candidatas apresentaram o status de seus produtos. Enquanto cinco ainda estão na fase I dos estudos (desenvolvimento pré-clínico), a sexta vacina, tetravalente da Sanofi Pasteur, com genes dos vírus do dengue em uma plataforma do vírus da febre amarela, já está na fase III dos estudos (testes clínicos com humanos) e continua a ser uma grande promessa. A expectativa é ela ser licenciada em 2015.

A vacina tetravalente (TV), candidata do laboratório Sanofi Pasteur, é composta de 4 vacinas vivas inativadas recombinantes, baseadas na plataforma da vacina da febre amarela 17 D, cada uma expressando a constituição de genes de um dos quatro sorotipos.

Estudos pré-clínicos demonstraram que a vacina tetravalente é geneticamente e fenotipicamente estável, não hepatotrópica, menos neurovirulenta que a vacina da febre amarela e não infecta mosquitos pela via oral. Estudos mostraram que a maioria dos eventos adversos foi de leve a moderado e transitório.

Concluindo, resultados pré-clínicos e clínicos sustentam a imunogenicidade favorável e a segurança da vacina tetravalente. O desenvolvimento de um extenso programa clínico para a vacina de dengue tetravalente está em andamento e inclui a participação de 4.000 crianças de 4 a 11 anos num estudo de eficácia na Tailândia, numa área de alta incidência de dengue.

Foram discutidas amplamente a capacidade de produção dos fabricantes, as possibilidades de exportação, a pré-qualificação pela OMS, as estratégias de vacinação segura, assim como os planos de pré-licenciamento e pós- licenciamento e os numerosos desafios que permanecem.

Medidas de apoio são vitais para mudar percepções, criando demanda e influenciando políticas. É importante criar uma aproximação com o público em geral, com profissionais de saúde e com a mídia.

Fonte: -Planning for the Introduction of Dengue Vaccines: Meeting report of the Americas Dengue Prevention Board´-Highlights (15´02´20120).

-Developmente of Sanofi Pasteur Tetravalent Dengue Vaccines- Guy B. Saville M, Lang J.- Hum. Vaccin.2010.Sep. 16;6 (9)

-The future of Dengue vaccines- Halstead SB, Deem. The Lancet,2002,Oct 19; 1243-5

P.S.Publicado originalmente pela autora no site http://www.prophylaxis.com.br/












quinta-feira, 1 de março de 2012

INFLUENZA – ATUALIZAÇÃO GLOBAL

A OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou uma atualização global da incidência da influenza, baseada na notificação dos Centros Nacionais de Influenza e dos laboratórios de 85 países, que incluem as semanas 4 e 5 de 2012 (22 de janeiro a 4 de fevereiro).

Foram testadas 41.423 amostras de casos com síndrome gripal. Destas, 7.382 foram positivas para influenza, distribuídas como se vê a seguir:

5.693 (77,1%) – influenza A

1.689 (22,9%) – influenza B

Das amostras positivas para influenza A:

3.327 (76,9%) – A (H3N2)

995 (23%) – A (H1N1)

Das amostras positivas para influenza B:

106 (33%) – B- linhagem Yamagata

215 (67%) – B- Victoria



Hemisfério Norte- Nas semanas 4 e 5, os casos confirmados laboratorialmente mostraram aumento de atividade de influenza em muitos países. O subtipo predominante continua sendo o A (H3N2). .No geral, a atividade do A (H1N1) é baixa, exceto no México onde o A (H1N1) continua predominando. Em alguns países asiáticos, onde influenza B continua predominando, foram isolados 2 tipos: B Victoria e B linhagem Yamagata.

Nos países da Europa, Oriente Médio, África do Norte e América do Norte a atividade do influenza A(H3N2) aumentou.

Na Ásia, o A (H3N2) e o B continuam aumentando, com predomínio do B na China (89%) e em Hong Kong e o H3N2 no Japão, com número grande de casos. Na Coréia e em alguns outros países o Influenza A(H1N1) tem sido detectado, porém, com baixa atividade. Na China ocorreu um caso recente de influenza aviária (H5N1) em uma criança.

No Hemisfério Sul a atividade permanece baixa havendo o predomínio do A (H3N2).Aproximadamente todos os vírus influenza A circulantes estão contidos na vacina do hemisfério norte, cuja formulação é semelhante a do hemisfério sul. Dos poucos vírus B circulantes, uma parte pertence à linhagem Yamagata que não está incluída na vacina atual.

Países tropicais da América: Influenza A(H1N1) foi o vírus mais detectado na Colombia e Equador. H3N2 é o mais comum detectado na Costa Rica.

Na Ásia subsaariana e na Ásia tropical têm ocorrido somente detecções esporádicas.

No Brasil ocorreu recentemente (17/02/12) um óbito de uma tripulante do navio MSC Armonia conseqüente a infecção respiratória aguda que evoluiu com insuficiência respiratória aguda durante a internação em unidade de terapia intensiva, em Santos. Após investigação, verificou-se que existiam mais 13 casos entre passageiros e tripulantes com síndrome gripal- 12 foram internados para observação e exames complementares. Em 20 de fevereiro, análise de 7 amostras no Instituto Adolfo Lutz(SES/SP) – PCR de secreção respiratória – identificou o vírus influenza B no caso índice e em mais 6 passageiros, concluindo-se tratar de um surto de influenza B. Os casos evoluíram sem complicações com cura espontânea em 7 dias, como costuma ser o padrão da síndrome gripal pelo influenza B. Este vírus ocorre com menor freqüência que o tipo A, circula o ano todo e pode causar surtos e epidemias mais localizadas. Raros casos podem evoluir para insuficiência respiratória, pneumonia, septicemia e óbito. Gestantes e pessoas com doença de base têm maior risco.

A embarcação tem mantido informação diária dos casos, tendo relatado a ocorrência de 9 casos suspeitos ao chegar ao Uruguai e 7 casos suspeitos ao chegar a Argentina. Todos estes casos evoluíram sem complicações.

A Secretaria de Saúde de São Paulo em conjunto com a ANVISA e com a Vigilância epidemiológica do Município de Santos manterão o monitoramento para identificar casos ou surtos que porventura possam ocorrer.

Esta ocorrência mostra a importância de se manter a população vacinada contra influenza, um vírus altamente transmissível e com a intensa mobilização de pessoas através de viagens aumenta o risco de ocorrerem surtos e epidemias.

A vacina a ser usada agora na estação da gripe do hemisfério sul (inverno), tem a mesma formulação do que a que está sendo utilizada atualmente no hemisfério Norte e possui 2 vírus A e um B.

A partir de março, nas unidades Prophylaxis, estará disponível a vacina que é recomendada para todas as pessoas acima de 6 meses de idade.

Esquema de aplicação:

– 6 meses a 2 anos completos– 2 doses de 0,25 ml com intervalo de 1 mês entre as doses.

– 3 a 8 anos completos- 2 doses de 0,50 ml

-Acima de 9 anos – 1 dose de 0,50 ml

Fonte: WHO- Influenza update- 3/2/2012

Ministério da Saúde – Surto de influenza B no Navio de Cruzeiro MSC Armonia- 28/2/2012

P.S- Publicado originalmente pela autora no site: http://www.prophylaxis.com.br/

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