quinta-feira, 15 de abril de 2010

DESASTRES NATURAIS - CHUVAS FORTES E ENCHENTES

Nos últimos dias o Estado do Rio de Janeiro se viu assolado por chuvas fortes com precipitação acima de 260 mm, que causou desastres graves como enchentes e deslizamento de terra com um número enorme de vítimas.
As enchentes dão como conseqüência doenças infecciosas transmitidas pela água e alimentos contaminados, principalmente Leptospirose, Hepatite e Diarréias. Destas, a que traz maior preocupação é a Leptospirose, a mais grave, que em enchentes ocorridas em 1988 e 1996 causou epidemias importantes no Rio de Janeiro.
A transmissão se dá através do contato da pele lesada com a água e lama das enchentes que está contaminada por uma bactéria chamada leptospira. Esta bactéria é eliminada na urina de animais, principalmente ratos nas áreas urbanas e pode permanecer no solo por um período prolongado. Quando ela penetra na pele atinge vasos sanguíneos e vai produzir doença infecciosa que, numa proporção de aproximadamente 30%, pode produzir doença grave.
60 a 70% dos casos evoluem de forma benigna e apresentam os seguintes sintomas: febre, dor de cabeça, prostração, dor muscular, principalmente na panturrilha, náuseas, vômitos e às vezes diarréia. Estes casos não apresentam icterícia.
Os casos que evoluem com gravidade têm início semelhante, porém, no 4º ou 5º dia, apresentam comprometimento do fígado (icterícia), comprometimento renal, (insuficiência renal) e podendo dar também comprometimento pulmonar de alta gravidade (hemorragia pulmonar).
O tratamento de casos benignos e graves é feito com antibióticos.
O diagnóstico laboratorial consiste de sorologia e cultura.
Pessoas que apresentam os sintomas iniciais e história de ter contato com água de enchente devem ser medicadas com antibiótico, mesmo antes do resultado laboratorial.
Cuidados importantes:
1- Em situações de chuva abundante com ocorrência de alagamentos, se estiver em lugar seco e seguro, aguarde a chuva melhorar e as águas baixarem.
2- Se por questões de segurança for imperioso entrar na água, não retire o calçado dos pés; se houver oportunidade envolva sacos plásticos nos pés e pernas.
3- Ao limpar a casa, calçadas ou ruas use de preferência, luvas e galochas ou na falta delas envolva mãos, pernas e pés com sacos plásticos duplos.
4- È muito comum as pessoas sofrerem ferimentos ao atravessar áreas de enchentes. È importante verificar a quanto tempo foi vacinado contra o tétano e se tiver ultrapassado 10 anos, é importante uma dose de reforço.
5- Se houver suspeita que a água de consumo está contaminada utilize água fervida ou água clorada (para 1 litro de água 2 gotas de água sanitária; deixar repousar durante meia hora antes de utilizar).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

INFLUENZA A (H1N1) - ESCLARECENDO DÚVIDAS

Circulam boatos na internet tentando inviabilizar a campanha de vacina com falsas informações que foram se propagando e influenciando até médicos a não indicarem a vacina.
Boatos falsamente atribuídos às vacinas contra influenza
1- Que a OMS não deveria ter declarado pandemia, pois, se trata de uma gripe comum semelhante a sazonal. Vários estudos mostram a gravidade do comprometimento pulmonar nesta nova gripe, bem maior do que na gripe sazonal e o comprometimento de faixas etárias diferentes. Os casos graves ocorrem mais na criança menor de 2 anos, no adulto jovem, nas gestantes e em indivíduos com doença crônica em qualquer idade, bem diferente da influenza sazonal nos quais os casos graves ocorrem mais em idosos, geralmente associado a doença crônica pré-existente.
2-Que a vacina foi aprovada rapidamente sem realização de testes - Havia uma preocupação grande com a 2ª onda da pandemia nos países do hemisfério norte e por isso a aprovação foi rápida, porém baseada em testes realizados pelos laboratórios produtores e outros. Tecnicamente a produção da vacina H1N1 não é diferente da produção da vacina sazonal, que sofre reformulação a cada ano de acordo com novas cepas circulantes.
3-Que a vacina estava sendo produzida a partir de células de animais -São utilizados para a produção da vacina A (H1N1) ovos embrionados, da mesma maneira como é produzida a vacina sazonal. Não se usam células animais.
4-Que a vacina não é segura nem tem boa eficácia - inúmeros estudos vêm sendo feitos evidenciando a eficácia e a segurança da vacina e publicados em revistas confiáveis como o The Lancet e o New England.. À medida que vai se disseminando a utilização da vacina para mais países, vai crescendo o número de estudos.
Na Cidade do Rio de Janeiro foram aplicadas de 8/3 até 25/3, 92.798 doses da vacina e foram notificados 58 eventos adversos (0,10%). Os mais comuns foram dor de cabeça, dor muscular, febre menor que 39ºC, diarréia, náuseas, sintomas estes que duram de 24 a 48 h e desaparecem espontaneamente. Eventos locais mais freqüentes- dor e inchação.
5- Que o Timerosal teria um efeito nocivo. O timerosal é um conservante utilizado em algumas vacinas, inclusive nas vacinas H1N1. O mercúrio que faz parte do timerosal é o etilmercúrio, que não se acumula no organismo humano, por ser metabolizado rapidamente. A forma tóxica do mercúrio é o metil mercúrio, não incluído nas vacinas.
A segurança do timerosal foi revisada inúmeras vezes, concluindo-se por sua inocuidade, e por isso ainda é usado em vacinas, aplicadas inclusive em gestantes
6- Adjuvante teria efeito nocivo: O adjuvante tem a funçaõ de aumentar o poder imunogênicao da vacina. O adjuvante utilizado nas vacinas H1N1 é o esqualeno, que é um óleo produzido por plantas e presente em muitos alimentos. Também é produzido pelo corpo humano, sendo um precursor do colesterol. Vacinas contra influenza contendo esse adjuvante são utilizadas há muitos anos, com aplicação de milhões de doses e o perfil de segurança tem se mostrado adequado.
É recomendado o uso da Vacina A H1N1 para proteger a população contra a provável segunda onda de influenza que deve ocorrer nos meses de inverno. Pelos estudos já realizados e pelo número enorme de vacinados em todo o mundo e reações adversas otificadas até a data atual, concluímos que a vacina tem boa eficácia e é segura.
Meri Baran

sexta-feira, 2 de abril de 2010

CAMPANHA DE VACINAÇÃO CONTRA A INFLUENZA A(H1N1)

Em oito de março deste ano teve início a campanha de vacinação contra a gripe causada pelo vírus influenza A (H1N1) ou gripe suína.
O vírus influenza é causador de doença respiratória que geralmente ocorre na estação do inverno tanto no hemisfério norte como no Sul e é chamada de gripe ou influenza sazonal. Este vírus influenza A, com freqüência sofre mutações, apresentando diferentes cepas. Com o surgimento desta nova variedade que é o H1N1 proveniente de porcos, percebeu-se que é um vírus mais agressivo, com maior possibilidade de produzir casos graves. Além disso, diferente da gripe sazonal que atinge com gravidade pessoas acima de 60 anos portadoras de doenças crônicas, a gripe A (H1N1) dá casos mais graves em crianças menores de 2 anos, em gestantes, em adultos jovens de de 20 a 39 anos e em pessoas com doenças crônicas em qualquer idade.Como é um vírus novo, havia a possibilidade de produzir pandemia, isto é, ocorrência de epidemias em todo o mundo, pois a população mundial não apresenta imunidade para ele. Em junho de 2009 a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou pandemia. Os laboratórios produtores de vacina aceleraram a produção da vacina A H1N1 a partir da amostra do vírus que foi isolada pelo CDC/FDA.
Desde o surgimento dos casos até 19 de fevereiro de 2010 já foram notificados casos em 213 países e 16.931 óbitos. Na Cidade do Rio de Janeiro, de abril a setembro de 2009 foram notificados 5.138 casos e ocorreram 64 óbitos.
Em outubro de 2009 iniciou-se a vacinação no hemisfério norte onde está ocorrendo a 2ª onda da gripe desde novembro, inicio dos meses frios.
No Brasil a campanha iniciou-se em março de 2010 já prevendo uma 2ª onda de gripe nos meses de inverno. Ela está sendo operacionalizada em 5 etapas, priorizando os grupos de risco.
-De 8 a 19 de março – profissionais de saúde e população indígena.
-De 22 de março a 2 de abril – crianças de 6 a 23 meses (1ª dose), pessoas com doença crônica e gestantes em qualquer mês de gestação. Foi prorrogada até 23 de abril.
-De 5 a 23 de abril - adultos na faixa de 20 a 29 anos.
-De 24 de abril a 7 de maio – pessoas com 60 anos e mais vão receber a vacina sazonal e os que tiverem doença crônica receberão também a vacina A H1N1(uma em cada braço). 2ª dose nas crianças de 6m a 2 anos.
-De 10 a 21 de maio - pessoas de 30 a 39 anos.
É da maior importância que as pessoas se dirijam aos postos de saúde dos seus municípios para receberem a vacina de acordo com o cronograma acima. Aproximam-se os meses mais frios e já está sendo percebido um aumento do número de casos no Brasil. A vacina tem boa eficácia e é segura. Proteja a si mesmo e a seus filhos.
PS - Próximo artigo no blog - esclarecimentos sobre dúvidas na utilização da vacina.