Depois da tão falada tragédia que já matou 239 jovens, as
ações de fiscalização estão sendo deflagradas e ninguém sabe se vão continuar
ou se é somente agora durante a comoção que tomou conta do país. Todos estão
falando em prevenção de acidentes. Centenas de boates, casas de espetáculos,
foram fechadas e multadas. É só agora ou agora é pra valer? Precisamos
de fiscais competentes e honestos que não façam o jogo de pedir propinas e de
proprietários de estabelecimentos que ao invés de darem a propina corrijam as
deficiências de seus estabelecimentos.
Nós brasileiros, por questões de colonização, do atraso
econômico e tecnológico e de muitos fatores que influenciaram a cultura e a
sociedade brasileira temos pouca preocupação com a "prevenção".
Como trabalho e sempre trabalhei com prevenção de doenças através de vacinas e
outras medidas importantes de controle, percebo claramente a pouca importância
que o adulto dá a esta matéria.
A criança, nos seus
dois primeiros anos de vida, como é acompanhada na puericultura por pediatra e
a mãe entende a necessidade da proteção de seu filho contra doenças transmissíveis, recebe todas as vacinas indicadas para aquela idade. Porém, algumas vacinas
com o tempo têm o seu poder imunológico diminuído e tornam-se necessárias doses
de reforço, além do que, de tempos em tempos, surgem novas vacinas que não
foram aplicadas na infância.
Atendo pessoas que vão viajar para áreas de risco e que na
fase adulta não receberam nenhuma vacina e nem lembram quando foi que receberam
alguma vacina.
Os médicos clínicos na sua grande maioria não internalizaram
a necessidade de acompanhar e solicitar um esquema de vacinação que proteja o seu
cliente adulto de determinadas doenças. Raramente perguntam pelo estado vacinal
do paciente durante a consulta.
O dengue nos visita a cada temporada de calor e nunca se
fala em proteção individual. Sempre a ênfase é no ambiente, o que é realmente
muito importante, porém incutir no indivíduo a importância dele tomar
providências também no seu próprio corpo e o de seus familiares, é fazê-lo ter
consciência de como a doença se transmite e que se ela entra através de seu
corpo protegendo-o ela pode ser evitada. Cobrir mais o corpo com roupa e uso de
repelentes são medidas que países do primeiro mundo, que também tem doença
grave transmitida por mosquitos, recomendam e dão ênfase.
Cabe a nós aproveitar este momento para chamar à razão
nossos filhos e filhas, netos e netas sobre que atitude devem ter em relação a
sua própria segurança. Ao entrar num ambiente fechado com número considerável de
pessoas, observar onde estão as portas de emergência, perguntar ao gerente
sobre equipamentos de combate ao fogo, perguntar sobre o material de
revestimento usado para o controle de som alto, saber se o show vai ser
pirotécnico e não entrar se não tiver garantias. Com isso, os proprietários vão
tratar de seguir as regras e nós ficaremos mais tranqüilos. Eles não vão querer
perder a clientela.
Já que não se pode contar com um número suficiente de
fiscais, a criação de um grupo treinado, formado por pais e jovens e com
respaldo legal deve poder entrar nos lugares apontados pela população e fazer
uma avaliação das condições de segurança que seria repassada ao órgão da
prefeitura competente para exigir reparações e emitir multa ou coisa que o
valha.
Enfim, prevenir é o caminho e nunca mais aceitar negligência.
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