domingo, 31 de janeiro de 2010

Impacto dos movimentos anti vacinas

Imunização é uma das maiores intervenções da saúde pública para prevenir doenças e óbitos, principalmente em crianças. O programa de imunização expandiu-se por todo o mundo desde 1974 com o sucesso da erradicação da varíola. Graças à eficiência destes programas é que a varíola foi erradicada do mundo, a poliomielite erradicada das Américas, o Sarampo eliminado das Américas e grande parte das doenças imunopreveníveis tiveram uma redução considerável.
Em várias épocas surgem com maior ou menor intensidade movimentos antivacina. Alguns deles ligados a grupos religiosos ou terapêuticos, outros convencidos que determinadas vacinas são capazes de causar doenças graves como o autismo e o retardo mental, outros ligados a denunciar a política de lucro dos laboratórios ou instituições farmacêuticas produtores de vacinas e medicamentos.
Estudos publicados em revistas internacionais de reconhecida seriedade mostraram os prejuizos que estes movimentos trazem; um deles, publicado na revista Lancet em 1988, mostrou que nos países onde circulou com mais intensidade o boato de complicações neurológicas e retardo mental associado à aplicação da vacina tríplice bacteriana (tétano, difteria e coqueluche), como principalmente Reino Unido, Japão, Itália, e Austrália, foi observado uma incidência de coqueluche bem maior em relação aos países que mantiveram seus programas de vacinação com esta vacina (Hungria, Alemanha, Polônia e Estados Unidos).
Ocorreram movimentos passivos e ativos contra a vacina entre profissionais de saúde grupos religiosos,praticantes de medicina alternativa, quiropraxia e homeopatia.
A cobertura da vacina tríplice bacteriana caiu de 77% para 33% e entre 1970 e 1980 foi responsável por 3 grandes epidemias de coqueluche com 102.500 casos notificados e 36 óbitos. Após estes resultados a vacina passou a ser mais bem aceita.
O Japão também suspendeu a imunização de 1975 a 1979 e este fato foi responsável por uma epidemia com 13.000 casos de coqueluche e 40 óbitos.
A mídia tem papel importante nesta controvérsia publicando matérias alarmistas.
Em 1997 a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) tornou-se foco de um novo debate. Foi associada à ocorrência de autismo. O Reino Unido mais uma vez teve um papel proeminente diminuindo significativamente a aplicação da vacina. Os EUA sofreram influência da Inglaterra, baixando bem a cobertura vacinal. Grupos antivacina neste episódio tiveram uma influência maior, pois já contavam com um importante aliado – a internet.
A queda da vacinação coincidiu com um grande número de surtos de sarampo trazendo como conseqüência a possibilidade da doença novamente se tornar endêmica. Pesquisa importante publicada em 2001 (revisão IOM) concluiu pela rejeição da hipótese do autismo estar associado à vacina tríplice viral. A partir daí a cobertura da vacina subiu consideravelmente.
Atualmente a vacina contra influenza A H1N1 tem sofrido ação antivacina. A internet, através principalmente de blogs, tem se mostrado o principal meio de publicação de conceitos bem duvidosos que afirmam que a pandemia é uma estratégia inventada pela OMS, que esta nova influenza não tem comportamento diferente da influenza sazonal e que se tornou um negócio lucrativo para a indústria da saúde. Vários estudos mostram a gravidade do comprometimento pulmonar nesta nova pandemia, diferente do que ocorre com a gripe sazonal. Também o comprometimento maior da criança e do adulto jovem é bem diferente da influenza sazonal que ocorre mais em idosos; a propósito, na página de rosto da Organização Mundial de Saúde (www.who.int) está publicada uma nota formal sobre esta onda de boatos em relação à vacina da influenza AH1N1.
A sociedade não pode se deixar levar por opiniões inconsistentes e deve reforçar a confiança em instituições de peso como a OMS, o CDC e os órgãos nacionais de controle e prevenção de doenças (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de cada país). O prejuízo que estes movimentos geram trazendo insegurança aos pais e a população em geral é enorme. Ocorrência de óbitos por difteria, sarampo, coqueluche, tétano, em crianças que não foram vacinadas pelos motivos citados acima é uma situação absurda que poderia ter sido evitada. É preciso que a sociedade se informe através de sites confiáveis de sociedades médicas, quando aparecerem informações, na maioria vinda de fontes leigas, que põem em dúvida procedimentos adequados que salvam vidas.
Meri Baran

12 comentários:

  1. Prezada Dr. Meri Baran,

    Meu nome é Camila Batista e eu sou repórter da TV PUC-Rio, que faz parte
    do Núcleo de TV do Projeto Comunicar/ PUC-Rio, que produz quatro
    programas para o Canal Universitário do Rio de Janeiro (UTV- Canal 11
    NET), e que também são veiculados pelo Canal Universitário de São
    Paulo(CNU - Canal 11 NET e 71 TVA).
    Estou produzindo um programa, chamado "CONTRAPONTO", sobre vacinação.
    Gostaria, portanto, de convidar a senhora para falar sobre o Calendário
    báscio de vacinação brasileiro, sobre doenças como a poliomielite,
    erradicadas do país graças às vacinas, e também sobre duas vacinas que
    passam a fazer parte das vacinas oferecidas na rede pública de saúde
    neste ano: e pneumocócica 10-valente e a anti-meningococo C.
    A senhora se sente confortável de falar sobre esses assuntos?

    O nosso programa (chamado "CONTRAPONTO") dura trinta minutos e tem 3 blocos
    (cada bloco com 10 minutos, em média). Ele é gravado no estúdio da TV, no
    campus da PUC-Rio na Gávea.

    A data de gravação será no dia 28/04 (quarta-feira da próxima
    semana), às 17h, na PUC-Rio (5ºandar do Edifício Kennedy/ R. Marquês de
    São Vicente/225, Gávea, Rio de Janeiro.)

    Penso que a sua presença enriqueceria muito o nosso debate sobre saúde
    pública e vacinação.
    Muito Obrigada,

    Lembramos que somos uma instituição sem fins lucrativos e toda a nossa
    programação tem caráter exclusivamente cultural e educativo.

    Atenciosamente,


    Camila Batista
    Repórter TV PUC-Rio
    (21) 3527-1143 - ramal: 2262
    (21) 8030-6353

    producaotvpuc@puc-rio.br

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  2. Camila desculpe. Só hoje vi seu comentário. Como este artigo é mais antigo eu não fiquei revisando os comentários, o que é um erro meu. O program será amanhã e eu até posso participar mas certamente você já deve ter completado esta programação. Um abraço
    meri

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  3. Oi Meri, gostaria de saber sobre sua opnião em relação a esse video que fala sobre os males da vacinação: http://www.youtube.com/watch?v=H4bhwgXsbzA&feature=related e se possível indicasse alguns ARTIGOS CIENTÍFICOS que falam sobre a eficácia das vacinas e seus componentes.
    Obrigado.
    Thiago

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  4. Thiago, não consegui acessar o vídeo com esse endereço do youtube.Talvez seja um de uma ex ministra de saúde de um país da Europa, acho que é a Finlandia e que eu achei absurdo.Artigos que falam sobre eficácia e reações adversas: 1) artigo: "Immune response after a single vaccination aginst 2009 influenza A H1N1 in USA: a preliminaire report of two randomized controled phase II trials"-The Lancet, vol 375,nº9708 ,2/1/2010.2) "Safety and imunogenicity of 2009 pandemic influenza AH1N1 vaccines in China": a multicenter double blind randomized placebo- controled trial- The Lancet, vol 375, nº 9708; 3) "Responses to 2009 H1N1 vaccine in children 3 to 17 years of age" - New England, vol 362, nº 4, 28/01/2010; 4) Response to a monovalent 2009 Influenza A H1N1 vaccine ( Australia; 5) No site do Ministério da saúde (www.saude.gov.br/vigilância em saude) você encontra um informe: "Esclarecimentos sobre a vacina contra Influenza H1N1" que fala sobre a questão do thimerosal, do adjuvante, etc. Estudos continuam a ser feitos a medidaque a vacina vem sendo aplicada em um número enorme de pessoas.

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  5. se uma enfermeira faz 0,3 ml de h1h1 em uma criança de 6 anos ao invés de 0,5 q deve fazer na segunda dose em 21 dias

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  6. se uma enfermeira faz duas vacinas h1n1 com menos de um mes de intervalo, ate mesmo um dia pode dar algum problema ?

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  7. q acontece se fazer o esquema da vacina h1n1 butantã pela gsk em criança?

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  8. posso tomar h1n1 junto com f.a. e pneumo?

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  9. -o,3 ml numa criança - a dose certa é 0,5 ml. Foi a técnica que aplicou que lhe informou isto? Acho difícil a pessoa identificar que tem 0,2 ml a menos. Pode fazer a 2ª dose com 21 dias.
    -As doses de H1N1 podem ser feitas com intervalo de 21 dias ou 30 dias.
    - A pessoa pode receber doses de diferentes laboratórios. Não há incompatibilidade.
    - A vacina é inativada e pode ser aplicada junto com outras vacinas .

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  10. Olá Mari me chama Suzi.
    Estou precisando de ajuda preciso fazer um trabalho cientifico sobre a vacina da dengue... voce teria alguma informação para me ajudar ou algum site...desde já meus aagradeciemtos.. um forte abraço Suzi

    meu email é suzi.olher@hotmail.com

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  11. Desculpe Suzi, não ter respondido a tempo pois houve uma atualização do blogspot, mudou a configuração e não estava aceitando meus comentários/resposta.

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  12. Bom dia Meri.Sou pediatra e estou com um caso de S. de Doose. Gostaria de saber se vc tem alguma informaçao sobre a associaçao desta sindrome e a vacina triplice? obrigada, Ieda Verdini Dantas. Meu email e: iverdini@terra.com.br

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