Sejam bem vindos ao meu blog. Espero abordar assuntos de interesse do público relacionados a minha experiência em saúde pública e outros assuntos de interesse. Atualmente estou trabalhando com Medicina de Viagem. O blog está aberto a comentários e colaborações.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Atualização da situação de Febre amarela no Brasil em 26/01/2017
Dados do Ministério da Saúde informam que foram registrados até 24 de janeiro, um total de 438 "casos suspeitos" de febre amarela e 89 óbitos. Deste total, 364 permanecem em investigação, 70 foram confirmados e 4 descartados. Dos óbitos, 37 foram confirmados em Minas Gerais e 3 em São Paulo. Os casos notificados estão distribuídos em 61 municípios sendo:
40 municípos em Minas Gerais,
14 municípios no Espírito Santo
3 municípios na Bahia
3 municípios em São Paulo
1 município no Distrito Federal
Todos são considerados como febre amarela silvestre.
Não existe suspeita que esteja ocorrendo casos de febre amarela urbana.
O Ministério da Saúde considera a situação sob controle.
O estoque estratégico da vacina está sendo reforçado com mais 11,5 milhões de doses
De imediato serão repassados 6 milhões de doses.
A vacinação está sendo focada nas áreas consideradas de risco e pessoas que vão viajar para estas áreas.
Não há necessidade de vacinação para pessoas que não são residentes destas áreas.
No Rio de Janeiro está sendo feito um cinturão de bloqueio em 14 municípios mais próximos de Minas Gerais. Trata-se de uma precaução.
Também no Espírito Santo está sendo feita vacinação como medida de precaução para residentes próximos às áreas de risco de Minas Gerais.
Obs: resumo feito com base nas informações que o Ministério da Saúde disponibiliza no seu site: www.saude.gov.br.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Febre
amarela no Brasil – Situação atualizada (17/01/2017) - Parte III
Até 16/01/2017 foram notificados pela Secretaria Estadual de
Saúde de Minas Gerais 152 casos suspeitos de febre amarela silvestre e 47
mortes suspeitas em 26 municípios de
Minas Gerais. Até o momento existem 37 casos prováveis da doença e 22 óbitos
prováveis.
A investigação está sendo conduzida em conjunto pelo
Ministério da Saúde, Estado de Minas Gerais e Municípios envolvidos.
Todo o Estado de Minas Gerais já faz parte da recomendação para
vacinação de rotina da febre amarela incluindo os municípios que têm ocorrência
de casos suspeitos.
A Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo resolveu adotar
medida preventiva vacinando a população de 26 municípios próximos ao Estado de
Minas Gerais embora não haja registro de casos suspeitos em humanos ou
primatas. O Ministério da Saúde apoia esta medida.
Porém no dia 16/01 foram notificados 2 casos suspeitos de
febre amarela silvestre nos municípios de Conceição do Castelo e São Roque do
Canaã (Espírito Santo). Os casos são de residentes na área rural.
O Estado do Espírito
Santo não é considerado área de risco para febre amarela, portanto continua sem
recomendação de vacinação. A medida de precaução foi tomada em virtude da proximidade
dos municípios de Minas Gerais que apresentam casos suspeitos de febre amarela.
É interessante relembrar que em 2008 e 2009 ocorreram surtos em estados indenes, que ainda não tinham notificado casos de febre
amarela silvestre como Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. Houve alerta de
epizootias de primatas num município no noroeste do Rio Grande do Sul fronteira
com a Argentina. Em 2009 nova expansão desta vez em São Paulo em áreas que eram
consideradas indenes com casos suspeitos que foram confirmados por laboratório .Também
a ocorrência de epizootias suspeitas em primatas que não tinham sido
notificadas, restritas a região sul sudeste próxima a divisa com o Paraná. O Paraná
registrou epizootias apenas no município de Ribeirão Claro, divisa com São
Paulo.
Ao todo de 28/09/2008 até 29/09/2009 foram notificados 274
casos humanos suspeitos, sendo 51 confirmados (18,6%) e 21 óbitos (letalidade
de 41,2%). Mediana de idade 31 anos com predomínio do sexo masculino.
As ocorrências atuais em Minas Gerais, bem como as de 2008 e
2009, apontam para expansão da febre amarela silvestre no país e talvez para a necessidade de incluir a vacina
no calendário de rotina da criança de todo o Brasil.
Relação dos municípios que notificaram casos suspeitos de
febre amarela silvestre 2016/2017:
Minas Gerais- Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga,
Piedade de Caratinga, Imbé de Minas, Entre Folhas, Ubaporanga, Ipanema, Inhapim,
São Domingos das Dores, São Sebastião do Maranhão, Itambacuri, Poté, Setubinha, Água Boa,, São Pedro do Suaçuí,
Simonésia, Teófilo Otoni, Ipatinga, Alpercata, Ouro Verde de Minas, Inhaomi, Santa
Rita do Itueto, Alvarenga e Novo Cruzeiro.
Fonte: Informes da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Febre amarela no
Brasil- Parte II – Vacina
É uma vacina viva, atenuada e altamente eficaz. Ela está
disponível em toda a rede pública de saúde e em clínicas privadas.
Ela é segura para o uso a partir dos 9 meses de idade em
residentes e viajantes para as áreas endêmicas já referidas na matéria “Febre
amarela no Brasil- Parte I”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que apenas
uma dose de vacina já é suficiente para proteção por toda a vida.
O Ministério da Saúde do Brasil recomenda duas doses da
vacina febre amarela no calendário nacional para as áreas endêmicas. A primeira
dose deve ser aplicada aos 9 meses e a
segunda dose aos 4 anos de idade.
Para pessoas de 2 a 59 anos a recomendação é de 2 doses.
É muito importante a aplicação da vacina para pessoas que
planejam turismo rural, pescaria, visitação de reservas naturais, parques
ecológicos, cachoeiras, rios, florestas, bem como para aqueles que que praticam
atividades laborais relacionadas ao extrativismo, a fauna e a flora em
ambientes rurais e silvestres. Além da vacina, outras medidas são necessárias
como utilizar roupas que protejam todo o corpo- tênis ou botas, camisa de mangas
compridas e calças compridas e usar repelentes, de preferência os que tenham
maior duração no tempo de proteção.
Contra indicações da Vacina:
Alergia (reação anafilática) a uma aplicação anterior da
vacina.
Alergia a substâncias presentes na vacina – ovo, gelatina.
Pessoas que tenham imunodeficiência como câncer, leucemia,
AIDS, história pregressa de doenças do timo ( miastenia gravis, timoma, ausência
do timo ou remoção cirúrgica) e outras.
Pessoas com doenças cardíacas, pulmonares e renais graves.
Pessoas com quadros de infecção aguda (febre, etc.) devem
adiar a vacinação para quando houver regressão dos sintomas.
Atenção: indivíduos com 60 anos ou mais devem
apresentar prescrição médica informando que não existem agravos que contraindiquem a aplicação da vacina.
Pessoa que vai viajar a países que exigem certificado de
vacina da febre amarela, se apresentar declaração do médico informando que a
pessoa possui contraindicação para a vacina, recebe no certificado a indicação
de que está ”isento”.
Reações adversas:
Reação local com dor, edema e vermelhidão.
Febre, dor no corpo, dor de cabeça.
Como a vacina é de vírus vivo atenuado, em pessoas com
doenças sistêmicas mais sérias ou com sistema imunológico fragilizado pode
ocorrer uma reação mais grave. É por
este motivo que existe necessidade de uma avaliação médica por escrito.
Esquema de vacinação para pessoas que vivem em áreas
endêmicas ou que vão viajar para áreas endêmicas
6 a 9 meses incompletos
|
A vacina está indicada apenas para situações de emergência
epidemiológica ou viagem para área de risco.
|
9 meses até antes de
completar 5 anos
|
1 dose aos 9 meses de idade
1 dose de reforço aos 4 anos*
* (se a criança não foi vacinada aos 9 meses deve tomar a vacina e o
reforço com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses)
|
Que já receberam 2 doses de vacina
|
Estão imunizados e não precisam mais se vacinar
|
Que receberam uma dose única de vacina
|
Devem tomar o reforço, ainda que sejam adultos, após 10 anos
|
Que nunca foram vacinados ou sem comprovante de vacinação
|
Administrar a primeira dose da vacina +
1 dose de reforço após 10 anos
|
60 anos ou mais nunca vacinada ou
sem comprovante de vacinação
|
Apenas após avaliação médica
|
Gestantes
|
A vacinação é contra indicada.
Na impossibilidade
de adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica
ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o
risco/benefício da vacinação.
|
Mães que amamentam lactentes até 6 meses de idade
|
A vacinação é contraindicada até a criança completar 6 meses de
idade. Caso tenha recebido a vacina, o aleitamento materno deve ser suspenso
por 28 dias após a aplicação da vacina.
|
Viajantes
|
·
Viagens internacionais – seguir as regulamentações
do Regulamento Sanitário Internacional
·
Viagens para áreas com recomendação de vacina
no Brasil, vacinar pelo menos 10 dias antes da viagem se for a primeira
vacina.
|
(http//portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministério/principa/secretarias/svs/viajante)
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Febre Amarela no Brasil - Parte I
A febre amarela é uma doença infecciosa, aguda, febril que pode ter evolução benigna, mas sempre ocorre um percentual importante de casos que evoluem com gravidade. Febre, calafrios, dores no corpo e vômitos são sintomas mais comuns. Pele e olhos amarelados, sangramentos, fezes escuras, e diminuição da urina já traduzem comprometimento hepático e renal e podem levar a morte.
Ela é causada por um arbovírus, encontrado em países de clima tropical da África, da América Central e da América do Sul.
Existem duas formas de Febre amarela: a silvestre e a urbana. No Brasil desde 1942 não ocorre a febra amarela urbana.
Na febre amarela urbana o único hospedeiro é o homem e a transmissão se dá pela picada do mosquito "aedes aegypti", o mesmo transmissor de dengue, zika e chikungunya.
Na febre amarela silvestre os primatas (macacos) são os principais hospedeiros do vírus e o homem é um "hospedeiro acidental". O transmissor no Brasil é um mosquito silvestre, o Haemagogus, que vive em matas e nas vegetações a beira dos rios. Esse mosquito pica macacos infectados e depois transmite para o homem.
No Brasil, a febre amarela silvestre é endêmica nas regiões norte e centro oeste em áreas de mata, mantendo-se sob controle. Ela tem um comportamento cíclico e é sempre precedida de epizootias - doenças entre os primatas (macacos) que aparecem mortos. Nos humanos aparece de forma irregular, decorrente da exposição da pessoa não imunizada quando o homem se instala em áreas de matas afim de desenvolver atividades extrativistas ou projetos agropecuários. Ocorre mais nos meses de dezembro a abril, períodos de chuva quando a densidade do mosquito é elevada.
No Brasil, as áreas de risco para a febre amarela silvestre são divididas em áreas endêmicas e de transição. Áreas endêmicas são aquelas onde ocorrem casos humanos de febre amarela. São elas: toda a região norte, o estado do Maranhão e a região centro oeste. Áreas de transição: áreas que não registraram casos humanos e sim morte de primatas. São elas: sul do Píauí, oeste da Bahia, centro oeste de Minas Gerais e oeste de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A única forma de evitar a febre amarela é a vacina que será abordada na parte II deste informe.
A febre amarela é uma doença infecciosa, aguda, febril que pode ter evolução benigna, mas sempre ocorre um percentual importante de casos que evoluem com gravidade. Febre, calafrios, dores no corpo e vômitos são sintomas mais comuns. Pele e olhos amarelados, sangramentos, fezes escuras, e diminuição da urina já traduzem comprometimento hepático e renal e podem levar a morte.
Ela é causada por um arbovírus, encontrado em países de clima tropical da África, da América Central e da América do Sul.
Existem duas formas de Febre amarela: a silvestre e a urbana. No Brasil desde 1942 não ocorre a febra amarela urbana.
Na febre amarela urbana o único hospedeiro é o homem e a transmissão se dá pela picada do mosquito "aedes aegypti", o mesmo transmissor de dengue, zika e chikungunya.
Na febre amarela silvestre os primatas (macacos) são os principais hospedeiros do vírus e o homem é um "hospedeiro acidental". O transmissor no Brasil é um mosquito silvestre, o Haemagogus, que vive em matas e nas vegetações a beira dos rios. Esse mosquito pica macacos infectados e depois transmite para o homem.
No Brasil, a febre amarela silvestre é endêmica nas regiões norte e centro oeste em áreas de mata, mantendo-se sob controle. Ela tem um comportamento cíclico e é sempre precedida de epizootias - doenças entre os primatas (macacos) que aparecem mortos. Nos humanos aparece de forma irregular, decorrente da exposição da pessoa não imunizada quando o homem se instala em áreas de matas afim de desenvolver atividades extrativistas ou projetos agropecuários. Ocorre mais nos meses de dezembro a abril, períodos de chuva quando a densidade do mosquito é elevada.
No Brasil, as áreas de risco para a febre amarela silvestre são divididas em áreas endêmicas e de transição. Áreas endêmicas são aquelas onde ocorrem casos humanos de febre amarela. São elas: toda a região norte, o estado do Maranhão e a região centro oeste. Áreas de transição: áreas que não registraram casos humanos e sim morte de primatas. São elas: sul do Píauí, oeste da Bahia, centro oeste de Minas Gerais e oeste de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A única forma de evitar a febre amarela é a vacina que será abordada na parte II deste informe.
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